Cyberbullying entra em debate no Canadá após suicídio

A história trágica de uma adolescente canadense que se suicidou após ser vítima de uma campanha de perseguição e intimidações pela internet está causando comoção nacional e internacional – e já motivou o Parlamento do Canadá a abrir um debate sobre como lidar com o problema, conhecido comocyberbullying.

Amanda Todd, de 15 anos, teria começado a ser vítima de bullying aos 12 anos, segundo seu relato, depois de ter sido convencida a mostrar os seios para uma pessoa com quem conversava na Internet.

Uma página do Facebook foi criada para expor a foto da menina de topless e a imagem foi distribuída para seus colegas de escola. Amanda mudou de casa e de escola, mas o assédio continuou pela internet, o que a teria levado a se enforcar na semana passada.

No dia 7 de setembro, a adolescente publicou no YouTube um vídeo no qual relata o bullying e a depressão resultante da perseguição dos colegas.

Na gravação de nove minutos, que já foi vista por milhões de pessoas, o rosto de Amanda não aparece. A adolescente também não fala, mas conta sua história com uma sequência de mensagens escritas em pequenos cartazes, identificando-se no fim do vídeo.

Ela diz que, por causa do bullying, mergulhou em uma depressão e começou a ter medo de sair de casa, buscando conforto em drogas, álcool e antidepressivos.

Também conta que bebeu água sanitária em uma tentativa anterior de suicídio após apanhar de uma menina na escola. Nem depois disso, no entanto, teria tido o apoio de colegas.

Pelo contrário, segundo ela relata em seu vídeo, na ocasião, teria recebido mensagens pela internet de ódio incentivando seu suicídio.

- Todo dia penso por que ainda estou aqui – a menina escreveu. “Não tenho ninguém. Preciso de alguém.”

O vídeo termina com uma imagem dos braços de Amanda repletos de cortes.

No fim do vídeo, ela também explica que não fez a gravação porque queria atenção, mas para ser uma “inspiração” para outros adolescentes.

Comoção

Amanda vivia em Port Coquitlam, em British Columbia, mas a notícia de sua morte causou comoção em todo o Canadá e também em outros países – principalmente nos Estados Unidos.

Os parentes da menina criaram uma página do Facebook em homenagem a ela que já foi “curtida” por mais de 800 mil pessoas. Sua família recebeu centenas de mensagens de apoio – embora mensagens ofensivas também tenham aparecido na internet.

Manifestações e vigílias estão sendo organizadas no Canadá e em algumas cidades dos EUA para lembrar o drama de Amanda e pedir políticas contra o bullying mais firmes.

No Parlamento canadense, deputados pretendem aprovar uma moção que abra espaço para uma estratégia nacional para impedir o bullying.

Segundo a emissora CTV, o projeto, proposto pelo deputado Dany Morin, criaria um comitê multipartidário para avaliar o problema. Mas o pai de Amanda disse à emissora que o país precisa de “mais ação” e não de mais estudos sobre cyberbullying.

Alguns especialistas defendem a criminalização do bullying pela internet no Canadá e mais empenho em identificar os responsáveis por esse tipo de assédio.

Investigações

A polícia canadense continua a investigar as circunstâncias que levaram ao suicídio de Amanda e diz ter recebido “mais de 400 pistas” de pessoas querendo contribuir com as investigações.

De 20 a 25 policiais foram destacados para o caso em uma tentativa de mostrar que ele realmente está sendo levado a sério.

O objetivo da investigação seria identificar aqueles que tiveram algum contato com Amanda “antes de ela tomar sua trágica decisão”, nas palavras do porta-voz da polícia local, o sargento Peter Thiessen.

http://correiodobrasil.com.br/cyberbullying-entra-em-debate-no-canada-apos-suicidio/530172/#.UH4cIcVcCIU

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